Você tem uma pergunta convincente,
uma ideia que deseja explorar e agora precisa de uma maneira de coletar informações.
Uma das ferramentas mais poderosas à sua disposição é o questionário.
Em termos simples, um questionário
é uma técnica estruturada de coleta de dados, composta por uma série de perguntas
escritas destinadas a reunir opiniões, crenças, sentimentos, interesses e experiências
das pessoas.
Criar um bom questionário
é mais do que apenas escrever algumas perguntas; é um processo rigoroso e complexo.
Mas não se preocupe - este guia está aqui para desmistificar isso para você. A qualidade
de sua pesquisa depende da qualidade de sua ferramenta de medição.
Um questionário mal elaborado pode
levar a resultados inválidos, mas um bem elaborado pode desbloquear visões incríveis.
Para um aluno, dominar esse processo é a diferença entre uma tese meramente descritiva
e uma metodologicamente sólida e respeitada academicamente. Este princípio é a base
de toda boa pesquisa de pesquisa.
A exatidão e a precisão dos questionários
como instrumentos de pesquisa de levantamento dependem do conhecimento e do cuidado
envolvidos em sua construção.
1 FASE I: O PLANO (FASE TEÓRICA)
Todo grande questionário começa com
uma compreensão cristalina do problema de pesquisa. Antes de escrever uma única
pergunta, você deve ser capaz de definir com precisão o que está investigando.
Sua primeira tarefa é responder a estas perguntas principais:
• Qual é o meu principal problema
de pesquisa? Primeiro, identifique a questão central que você deseja entender.
Por exemplo, digamos que você esteja investigando o problema da "baixa produtividade
dos funcionários".
• Quem ou o que estou estudando?
Determine se o seu foco está em:
◦ Pessoas: Está interessado
nas atitudes, nos valores e nas opiniões delas? Seguindo nosso exemplo, você se
concentraria nos próprios funcionários para entender as causas da baixa produtividade;
◦ Processos: Você está avaliando
a eficiência ou eficácia de um sistema? Em vez disso, você pode se concentrar no
fluxo de trabalho ou nas ferramentas de software que estão sendo usadas.
◦ Essa escolha moldará diretamente
o conteúdo de suas perguntas.
• Como quero que sejam meus resultados?
Visualize seu relatório final.
◦ Você apresentará suas descobertas
com tabelas e gráficos numéricos? Esta é uma abordagem quantitativa.
◦ Você descreverá suas descobertas
usando texto, temas e interpretações? Trata-se de uma abordagem qualitativa.
◦ Esta decisão determina o tipo
de perguntas que você precisará escrever.
1.2. Etapa 2: Desconstrua seu conceito (a construção)
Na pesquisa, muitas vezes estudamos
ideias complexas que não podem ser medidas com uma única pergunta. Essas ideias
abstratas são chamadas de construtos. Um construto é uma "caracterização
ou definição de um objeto, aspecto, atributo ou fenômeno" que é composto de
indicadores essenciais e mensuráveis.
Continuando nosso exemplo de "baixa
produtividade dos funcionários", você pode teorizar que a construção subjacente
é "Moral no local de trabalho". Você não pode medir o moral diretamente.
Em vez disso, você o divide em indicadores mensuráveis ou dimensões, como:
• Suporte da gerência;
• Coesão entre colegas;
• Pressão por resultados.
Sua tarefa nesta etapa é identificar
a construção principal de sua pesquisa (por exemplo, "motivação do aluno",
"fidelidade à marca") e, em seguida, dividi-la em suas partes essenciais
e mensuráveis.
1.3. Etapa 3: Elaborando as perguntas (os itens)
É aqui que seu conceito abstrato
(a construção) é traduzido em perguntas concretas e respondíveis (os itens). A qualidade
de seus itens determinará a qualidade de seus dados.
1.3.1. Escolhendo seu tipo de pergunta: aberta vs. fechada
Você tem duas escolhas fundamentais
para o formato de suas perguntas.
|
Perguntas abertas |
Perguntas fechadas |
|
Objetivo:
explorar o como e o porquê por trás de uma opinião, capturando dados
subjetivos e textuais nas próprias palavras do entrevistado. |
Objetivo:
medir o quanto ou qual, capturando dados quantificáveis que podem
ser facilmente categorizados e analisados estatisticamente. |
|
Vantagem:
permite liberdade de resposta ilimitada. O pesquisador não influencia a resposta
com opções pré-estabelecidas. |
Vantagem:
fácil de tabular e analisar estatisticamente. Os respondentes podem respondê-las
rapidamente. |
|
Desvantagem:
muito difícil para novos pesquisadores tabularem e interpretarem. A análise requer
métodos complexos, como análise de conteúdo ou discurso. |
Desvantagem:
limita a expressão do entrevistado e pode não capturar todas as nuances de sua
opinião. |
|
Exemplo
(relacionado a pessoas): "Explique quais aspectos do seu trabalho, se
houver, afetam sua motivação". |
Exemplo
(relacionado a pessoas): "Em uma escala de 1 a 7, quão satisfeito você
está com o nível de suporte do seu gerente?" |
1.3.2. Selecionando seu formato de resposta (a escala)
Para perguntas fechadas, você precisa fornecer as opções de resposta.
O método para projetar essas opções é chamado de dimensionamento. Sua escolha
de escala é crucial porque determina o tipo de dados que você coleta e quais análises
estatísticas você pode realizar posteriormente.
Aqui estão os três tipos de escala mais comuns para pesquisa de alunos:
1.3.3. Os 10 mandamentos de escrever grandes perguntas
Para garantir que suas perguntas
sejam eficazes, siga estas dez regras adaptadas de Pasquali (2017) e Gil (2019).
Ser:
1. Singular: cada pergunta deve perguntar
apenas uma coisa. Evite perguntas "duplas" como: "O serviço
foi rápido e amigável?" Em vez disso, faça duas perguntas separadas: "Quão
rápido foi o serviço?" e "Quão amigável foi o serviço?";
2. Claro: a pergunta deve ser facilmente
compreendida por todos em seu público-alvo;
3. Simples: expresse uma ideia simples
de cada vez. Evite frases e jargões complexos;
4. Objetivo: seja direto e preciso.
Evite linguagem vaga, sugestiva ou tendenciosa que leve o entrevistado a uma determinada
resposta;
5. Relevante: cada pergunta deve
estar diretamente relacionada ao seu objetivo de pesquisa e ao construto que você
está medindo;
6. Preciso: a pergunta deve ser distinta
de outras perguntas que medem o mesmo conceito para evitar redundância;
7. Variado: Evite usar exatamente
as mesmas frases ou termos repetidamente, pois isso pode entediar o entrevistado;
8. Moderado: Evite usar palavras
extremistas ou absolutas como "sempre", "nunca" ou "todos";
9. Credível: A pergunta não deve
parecer ridícula, sem sentido ou infantil para o entrevistado;
10. Típico: Use palavras e expressões
comuns e familiares ao tópico que está sendo investigado.
Com seu projeto teórico completo,
agora você está pronto para construir um protótipo e prepará-lo para seu voo de
teste.
2 FASE II: O VOO DE TESTE (FASE EXPERIMENTAL)
Esta fase é sobre passar do papel para a prática. Aqui, você
montará seu rascunho de questionário, testará problemas e planejará como colocá-lo
nas mãos de seus respondentes.
2.1 Passo 4: Monte seu primeiro rascunho
Agora é hora de reunir suas perguntas
em um documento profissional e coerente. Um questionário bem estruturado parece
lógico e fácil para o entrevistado seguir. Aqui está a ordem recomendada:
• Introdução e consentimento:
inicie com uma descrição breve e clara do seu estudo, seu propósito e sua importância.
Isso é seguido por um formulário de consentimento explicando os direitos do réu;
• Instruções: forneça instruções
simples e claras sobre como responder às perguntas (por exemplo, "Por favor,
circule o número que melhor representa sua opinião.");
• Itens introdutórios: comece
com perguntas simples, envolventes e não ameaçadoras para aquecer o respondente
e ganhar impulso;
• Itens principais: agrupe
suas perguntas principais por tema ou construção. Isso cria um fluxo lógico e ajuda
o respondente a se concentrar;
• Itens demográficos: coloque
perguntas confidenciais ou pessoais - como idade, sexo, renda ou nível de educação
- no final do questionário. É mais provável que as pessoas respondam a essas
perguntas depois de já terem investido tempo nas perguntas principais.
• Encerramento: sempre termine
com uma nota de agradecimento para mostrar apreço pelo tempo e contribuição do entrevistado.
Pular o pré-teste é a causa mais
comum de projetos de pesquisa de alunos fracassados. Um pré-teste não é opcional;
é uma etapa obrigatória e não negociável em uma metodologia sólida.
Um pré-teste é como um ensaio geral
para sua pesquisa. Você entrega o rascunho do questionário a um pequeno grupo de
pessoas (5 a 10 indivíduos) que são semelhantes ao seu público-alvo. O objetivo
é identificar quaisquer problemas antes de iniciar o estudo completo, quando
seria tarde demais para corrigi-los.
Os principais objetivos de um pré-teste
são:
• Identifique perguntas confusas,
ambíguas ou mal formuladas;
• Verifique se as instruções são
claras e fáceis de seguir;
• Estimar o tempo médio necessário
para preencher o questionário;
• Certifique-se de que o fluxo lógico
das perguntas faça sentido;
• Encontre erros de ortografia, problemas
de formatação ou outras inconsistências.
Use o feedback do pré-teste para
revisar ou eliminar quaisquer perguntas que causaram problemas.
Não colete apenas os questionários
preenchidos do seu grupo de pré-teste. Sente-se com eles para uma entrevista breve
e informal depois. Faça perguntas como: "Houve algo que você achou confuso?"
ou "Por que você fez uma pausa na pergunta 7?" É assim que você descobre
por que uma pergunta não está funcionando, o que é muito mais valioso do
que simplesmente saber que não está.
2.3 Etapa 6: Planejar seu lançamento (coleta de dados)
A etapa final desta fase é decidir
como você administrará seu questionário. Os dois métodos principais são papel e
online, cada um com suas próprias vantagens e desafios.
Por fim, lembre-se do conselho de
Marconi e Lakatos (2011): sempre inclua uma breve nota ou carta de apresentação
que explique a natureza e a importância de sua pesquisa. Isso ajuda a construir
credibilidade e incentiva as pessoas a participar.
Agora que seu questionário foi criado,
testado e lançado, a fase final é entender a qualidade dos dados coletados.
3 FASE III: ENTENDENDO TUDO (FASE ANALÍTICA)
Esta fase final fornece uma breve
visão geral das verificações de qualidade e padrões de interpretação que tornam
a pesquisa robusta e confiável. O objetivo aqui é entender os conceitos básicos
de qualidade de dados, não executar estatísticas complexas por conta própria.
3.1 Etapa 7: Verifique a qualidade (validade e confiabilidade)
Para ser considerado uma ferramenta
científica de alta qualidade, seu questionário deve demonstrar duas propriedades
fundamentais: validade e confiabilidade.
• Validade: trata-se de precisão.
Ele garante que sua ferramenta esteja fazendo seu trabalho corretamente.
• Por exemplo, sua escala de "Moral
no local de trabalho" realmente mede o moral ou está medindo acidentalmente
outra coisa, como felicidade geral ou inteligência? Isso geralmente é verificado
com técnicas estatísticas avançadas, como análise fatorial, que verifica se as perguntas
se agrupam de uma forma que faz sentido teórico.
• Confiabilidade: trata-se
de consistência e precisão.
• Pense nisso como uma balança de
banheiro: se você pisar nela três vezes seguidas e obtiver leituras totalmente diferentes,
a balança não é confiável. Um questionário confiável produz resultados estáveis
e consistentes ao longo do tempo. A medida estatística mais comum para isso é o
Alfa de Cronbach. Essa estatística varia de 0 a 1, e um valor de 0,600
é frequentemente considerado o limite mínimo aceitável para instrumentos de pesquisa.
3.2 Etapa 8: Estabelecer o "Normal" (Normalização)
Depois de obter as pontuações do
seu questionário, como você as interpreta? Uma pontuação de 35 em uma escala de
"satisfação no local de trabalho" é boa ou ruim? Normalização é o processo
de estabelecer padrões ou padrões para interpretar essas pontuações. Ele permite
que você entenda como uma determinada pontuação se compara a um grupo mais amplo,
dando contexto e significado aos seus resultados.
4 REGRA DE OURO: EVITE CRIAR SEU PRÓPRIO QUESTIONÁRIO SEMPRE QUE POSSÍVEL
Procure em revistas científicas,
dissertações e livros de métodos de pesquisa. O uso de uma ferramenta comprovada
que já foi testada e examinada por outros pesquisadores adiciona credibilidade imediata
e robustez metodológica ao seu estudo. Você está construindo sobre o trabalho de
outros, que é a pedra angular da boa ciência.
5 CONCLUINDO: SUA JORNADA COMO PESQUISADOR
1. Planeje meticulosamente: saiba
o que você está medindo e por quê antes de escrever uma única pergunta;
2. Teste rigorosamente: o pré-teste
é seu melhor amigo. Isso o salvará de erros críticos e garantirá que seus dados
finais sejam limpos e significativos;
3. Use ferramentas comprovadas primeiro:
usar um questionário existente e validado é a maneira mais inteligente e confiável
de começar sua pesquisa;
Seguindo essas etapas, você está
no caminho certo para realizar pesquisas que não sejam apenas interessantes, mas
também confiáveis e perspicazes.
REFERÊNCIAS
BASTOS, Jennifer Ester de Sousa et al. O Uso do Questionário como Ferramenta Metodológica: potencialidades e desafios. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, [S.l.], v. 5, n. 3, p. 623-636, 2023. Disponível em: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/304. Acesso em: 8 out. 2025.
SANTOS, Luiz Carlos dos. A técnica do questionário: conceituação, características, vantagens e limitações. Salvador: UFBA, 2021. Disponível em: tsisolution.com.br/project_sites/lcsantos/wp-content/uploads/2021/03/218_A_TECNICA_DO_QUESTIONARIO.pdf. Acesso em: 8 out. 2025.
SOUZA, Gustavo Henrique Silva de et al. Planejamento de questionários: Unificando conhecimentos em pesquisa de mercado e psicometria. Administração: Ensino e Pesquisa, [S.l.], v. 22, n. 1, 2021. Disponível em: https://oro.open.ac.uk/77252/. Acesso em: 8 out. 2025.


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