COMO ELABORAR O CAPÍTULO METODOLÓGICO


Um projeto de pesquisa tem o capítulo metodológico como um de seus elementos. Nele, expomos a metodologia que será desenvolvida pelo pesquisador, tendo em vista o alcance dos objetivos de pesquisa (geral e específicos) e, consequentemente, da resolução do problema de pesquisa.

Como afirma Bastos:
O elemento básico de uma boa metodologia consiste em um plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s), respondendo às questões propostas e/ou testando as hipóteses formuladas. De fato, a “boa” metodologia é a apropriada à solução do problema e aos objetivos do estudo (BASTOS, 2003, p. 6).

O sentido etimológico de metodologia é caminho. Na pesquisa, a metodologia seria, portanto, o caminho a ser tomado pelo pesquisador, isto é o tipo de pesquisa que ele adotará (sua classificação), a população e a amostra e os instrumentos de coleta e análise de dados com os quais ele trabalhará.

CLASSIFICAÇÃO (Tipo de pesquisa)

A pesquisa pode ser classificada quanto:
  • à natureza;
  • ao objetivo;
  • à abordagem;
  • ao procedimento.
Quanto à NATUREZA, a pesquisa pode ser básica ou aplicada. Na primeira, o pesquisador almeja a produção de novos conhecimentos. Tais conhecimentos podem colaborar com o avanço da ciência; na segunda, visa-se produzir conhecimentos capazes de resolver problemas específicos. Envolve não apenas compreensão de um assunto, mas também a aplicação de conhecimento para a transformação de um determinado aspecto da realidade.

Quanto ao OBJETIVO, a pesquisa pode ser exploratória (é aquela na qual o pesquisador tem pouco conhecimento e faz suas primeiras descobertas sobre um tema); descritivo (como afirma Santos (1999), busca descrever características de população ou fenômeno; estabelecer relações entre variáveis); e explicativo (é aquela cujo objetivo é explicar a razão dos fenômenos, as relações entre causa e efeito).

A pesquisa pode ser de ABORDAGEM qualitativa, quantitativa ou qualiquantitativa. Para Leopardi (2001, p. 28), a pesquisa deve ser qualitativa “Quando o interesse não está focalizado em contar o número de vezes em que uma variável aparece, mas sim que qualidade elas apresentam”. Para Minayo (2000, p. 21-22), “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado”. 

Apreciando tais definições, identificamos também quando a pesquisa deve ser quantitativa. Enquanto na primeira trabalhamos com dados que se apresentam sob a forma de descrições narrativas, na segunda, os dados se apresentam ou podem ser diretamente convertidos para uma forma numérica (MOURA; FERREIRA; PAINE, 1998, p. 92).

Por fim, a pesquisa qualiquantitativa articula dados quantitativos e qualitativos, visando abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do objeto de estudo, como afirma Goldenberg (2000, p. 63).

Quanto aos PROCEDIMENTOS, a pesquisa pode ser bibliográfica, documental ou de campo. 

A pesquisa bibliográfica é fundamental para qualquer pesquisa. Por meio dela, o pesquisador tem a oportunidade de conhecer dados já levantados e analisados sobre o tema de seu interesse.

A pesquisa documental compreende o estudo de dados ainda não analisados. Como observam Matos e Vieira (2002, p. 41), encontram-se ainda em seu estado original e, por isso, podem ser reelaborados de acordo com a finalidade da pesquisa e criatividade do pesquisador.

A pesquisa de campo compreende vários métodos: pesquisa ex-post-facto; levantamento; pesquisa com survey; estudo de caso; pesquisa participante; pesquisa-ação; pesquisa etnográfica; pesquisa etnometodológica; história oral, história de vida e depoimento pessoal.

POPULAÇÃO E AMOSTRA

Após a classificação da pesquisa, deve-se escolher a população (os sujeitos junto aos quais será realizada a pesquisa) e a amostra (a quantidade de sujeitos). A definição desses itens estar adequada aos objetivos de pesquisa. Por isso, o pesquisador deve expor sempre a razão das escolhas.

PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Por fim, o pesquisador deve escolher os instrumentos de coleta e análise de dados. Entrevistas estruturadas ou não estruturadas, questionários, testes, escalas, observação participante ou não-participante e instrumentos de laboratório são alguns exemplos de técnicas de coleta de dados. Cabe ao pesquisador discernir qual instrumento é mais apropriado para os objetivos de pesquisa, podendo utilizar vários instrumentos.

Quando o pesquisador estiver trabalhando com dados quantitativos, os instrumentos para a análise de dados podem ser os testes de hipóteses ou os testes de correlação; já para dados qualitativos, a análise de conteúdo ou de discurso.

REFERÊNCIAS

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 4. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2000.

LEOPARDI, M. et al. Metodologia da pesquisa em saúde. Florianópolis: Pallotti, 2001.

MATOS, K. S. L.; VIEIRA, S. L. Pesquisa educacional: o prazer de conhecer. 2.ed. rev. e atual. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2002.

MINAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2000.

MOURA, M. L. S.; FERREIRA, M. C.; PAINE, P. A. Manual de elaboração de projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.

SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

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